Fazer uma boa redação para concurso, ainda, é uma das maiores dificuldades dos candidatos, mesmo para aqueles que já estudam há muito tempo.
Atualmente, a maioria dos concursos públicos traz em seu edital a disciplina de redação, uma prova que faz toda a diferença na classificação do candidato. Mas existe fórmula mágica para uma redação para concurso perfeita, mas observar pontos importantes vai te ajudar a otimizar seus estudos e eliminar os erros mais comuns.
Como o blog está sempre de olho nas melhores dicas para você, o artigo dessa semana vem com um conteúdo que aborda as principais dúvidas dos alunos sobre esse tema.
Nossa especialista Vânia Araújo, licenciada em Letras, pela Universidade de Brasília (UnB) e professora de Interpretação de textos e de Redação Discursiva há mais de dez anos, falou sobre as bancas, tipos de redação, estrutura do texto e vários outros tópicos imprescindíveis para uma redação nota 10.
Confira as dicas!
Como o aluno deve estudar para a prova de redação para concurso?
A melhor forma de estudar para a prova de redação é praticando. Sempre digo que redação não se estuda, se pratica!
A primeira etapa é a de desvendar como funciona a cobrança da prova discursiva pela banca examinadora e, depois, começar a produzir textos sob os critérios exigidos por ela.
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Com que frequência o aluno deve incluir a redação nos seu planejamento de estudo?
Sempre aconselho elaborarem pelo menos uma por semana. Mas o ideal mesmo seriam duas (uma, sobre os principais temas da atualidade e outra, sobre temas específicos).
Sabemos que não existe uma fórmula, contudo existem regras gerais que podem ajudar na preparação?
Sim. Elaborar um esquema de texto que siga o padrão dissertativo tradicional, procurando elencar as ideias mais importantes que podem ser utilizadas no desenvolvimento do texto, por exemplo.
E mais, depois de escolher as ideias dos argumentos, procurar formas de fundamentá-las (listando possíveis fontes ou testemunhos; exemplos para ilustrar ou mesmo algum dado estatístico que dê amparo a algumas afirmações).
Quais os componentes indispensáveis para uma redação para concurso nota 10?
Vale ressaltar que os componentes variam de banca para banca, mas a base de tudo é o conteúdo.
Vejamos:
- Bom domínio do conteúdo (esclarecimento do assunto e sua respectiva fundamentação);
- Bom desempenho gramatical (que é importante não somente para evitar apenações mas também para transmitir com clareza e fluidez as informações);
- Boa apresentação (o Cebraspe normalmente atribui a esse aspecto).
Critérios de avaliação das redações que são comuns a todas as bancas:
- Em primeiro lugar, a pertinência ao tipo textual e a adequação ao tema e a organização do texto (paragrafação e periodização);
- Em segundo lugar o conhecimento do assunto, a seleção e distribuição de ideias de forma lógica; a concretude das informações e a consistência de raciocínio;
- Em terceiro lugar, a coesão e a coerência (uso dos elementos de coesivos e articuladores textuais, escolha de palavras);
- E por fim, a apresentação (legibilidade, uso das margens e não ocorrência de rasuras).
OBS.: o que varia, aqui, de banca para banca é a pontuação (consequentemente, a importância) que é atribuída a cada quesito.
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Como a leitura pode ajudar o candidato a se preparar?
A leitura é simplesmente condição sine qua non para o sucesso na prova de redação. A leitura proporciona ao candidato um melhor entendimento do mundo e um maior repertório cultural, além de aprimorar o seu desempenho linguístico e propiciar maior apuro gramatical.
Quais os tipos de redação cobradas em concursos?
A modalidade mais cobrada pela quase totalidade das bancas examinadoras é a dissertação argumentativa.
- A Banca Cebraspe cobra, atualmente, duas modalidades de dissertação (a argumentativa e a expositiva) e, mais, dentro da modalidade argumentativa, ela explora duas abordagens (com ou sem roteiro);
- O Instituto IADES cobra a modalidade dissertativa em suas duas abordagens (argumentativa e expositiva).
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As modalidades cobradas têm a seguinte característica:
- Dissertação argumentativa:
Traz apenas um tema sobre o qual a candidato deve expor o seu posicionamento e fundamentá-lo. Neste caso, o candidato fica livre para escolher ele mesmo os argumentos que irá utilizar. Essa modalidade segue o paradigma tradicional de introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Dissertação argumentativa com roteiro:
Traz, além da temática a ser abordada, alguns quesitos relevantes do assunto para o candidato discutir e sobre eles manifestar o seu posicionamento. Neste caso, o candidato vê cerceado o seu direito de escolher os argumentos. Essa modalidade também segue o paradigma tradicional de estruturação e tem finalidade persuasiva.
- Dissertação expositiva:
Traz, além da temática a ser abordada, alguns quesitos relevantes do assunto para o candidato esclarecer, fornecendo o máximo de informação sobre o assunto proposto. Essa modalidade tem uma estrutura mais livre e finalidade meramente informativa.
OBS.: Todas essas modalidades devem trazer, na conclusão, propostas de intervenção (ações a serem empreendidas para solucionar problemas discutidos no desenvolvimento);
- Dissertativo-argumentativa:
A estruturação se dá da seguinte maneira: Introdução: deve trazer a apresentação do assunto e o posicionamento do autor (tese). Desenvolvimento: deve trazer as ideias secundárias (argumentos) que servirão para embasar, fundamentar o posicionamento emitido na introdução. Conclusão: deve trazer um fechamento da discussão e as propostas de intervenção.
Como o aluno pode buscar conhecer a banca organizadora?
O aluno pode conhecer bem a banca examinadora e seus corretores, baixando as provas que foram aplicadas e analisando minuciosamente como foram aplicadas.
- Primeiro: veja o que está plasmado no edital;
- Depois, verifique o que foi solicitado no comando da redação;
- E, finalmente, confronte com as informações fornecidas no padrão de resposta (no caso das bancas que o fornecem).
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No dia da prova, quais as dicas que você dá para os alunos na hora de fazer a redação?
Sempre aconselho meus alunos a produzir sua redação em, no máximo, 1h30, da seguinte forma: ler o texto motivador, decifrar (cuidadosamente) todas as informações do comando da redação, elaborar um rascunho e passar a limpo.
Existem alguns alunos que conseguem fazer apenas um esquema e, a partir dele, produzir o texto. Por outro lado, a maioria prefere mesmo é elaborar um rascunho. Que seja! O mais importante é estar muito atento(a) ao tempo máximo de 1h30.
Quais os principais erros que os candidatos cometem na hora de fazer em uma redação para concurso?
- Não decifrar corretamente as informações do comando – para isso, recomendo sublinhar palavras e expressões e procurar traduzir seus significados;
- Nas provas que trazem os quesitos elencados, muitos não esclarecem todos os assuntos dos quesitos ou, ainda, alteram a ordem em que eles aparecem – neste caso, sugiro que sigam rigorosamente presos as solicitações feitas nos quesitos e nunca, nunca mesmo, alterem a sua ordem;
- Tangenciar o assunto, ou seja, fazer uma abordagem genérica demais ou que se aprofunde somente em um aspecto, ignorando outros igualmente relevantes – para isso, recomendo interpretar corretamente o tema;
- Por exemplo: se o tema solicita que se aborde os aspectos positivos dos avanços tecnológicos na sociedade contemporânea, não há que se apontar os problemas. Se a temática solicitada é a violência contra a mulher, não se deve ficar restrito às agressões físicas.
Quais os principais erros que os candidatos cometem em relação à estruturação?
- Não entender qual é a modalidade de dissertação requerida e achar que todos os textos seguem a mesma estrutura – neste caso, recomendo que façam um curso de redação específico para a banca organizadora do seu concurso.
- Não abrir o número certo de parágrafos ou construir parágrafos de apenas duas ou três linhas (isso não existe numa dissertação).
Quais os principais erros que os candidatos cometem em relação à correção gramatical?
- Regência e, consequentemente, colocação do acento indicador de crase;
- Concordância, principalmente quando se distancia o núcleo do sujeito do verbo;
- Construção gramatical truncada ou rudimentar, que advém do pouco hábito de leitura e das leituras pouco seletivas;
- Pobreza vocabular, oriunda da falta de leitura e do quase nulo hábito de escrever.
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